Cada vez mais baratas e muito mais acessíveis graças à facilidade de financiamento, as novas TVs de alta definição são, ao mesmo tempo, uma alegria e um dilema. Qual será a melhor tecnologia de telas? Plasma ou LCD, eis a questão.
Entre em qualquer loja de eletrônicos e você perderá a conta de quantas TVs de alta definição estão em exposição. Finas, enormes e com imagem linda, elas são atualmente o sonho de consumo de boa parte da população.
Mas na hora da compra surge a dúvida: “TV de plasma ou LCD?”. Lado a lado, é duro enxergar a diferença entre as tecnologias. Ambas tem pontos fortes e fracos, mas o principal fator que deve orientar sua escolha é o que você quer assistir nelas e onde a tela será instalada.
Entendendo as tecnologiasPor incrível que pareça, aquela TV LCD linda com tela “Full HD” de 40 polegadas funciona baseada no mesmo princípio que a telinha daquela calculadora que está pegando poeira no fundo da sua gaveta. A base de tudo é um material especial chamado cristal líquido, que fica opaco ou translúcido de acordo com uma corrente elétrica aplicada sobre ele.
Cada ponto na tela é formado por três células lacradas cheias desse material, cada uma correspondente a uma cor primária de luz (vermelho, verde e azul). Uma lâmpada, instalada atrás da tela, gera luz branca que ilumina as células e torna a imagem visível. As cores são formadas combinando múltiplas intensidades de cada uma das cores primárias.
Nas TVs LCD de última geração, a iluminação da tela é feita com LEDs (diodos emissores de luz), que consomem menos energia, geram menos calor e produzem uma luz mais branca e homogênea, que se traduz em uma imagem melhor.
Já as TVs de plasma operam baseadas em um princípio diferente, que parece coisa de ficção científica. As células que compõem a tela são cheias de um gás nobre, como neônio (também chamado neon) ou xenônio, que é submetido a uma descarga elétrica e se transforma em plasma, o quarto estado da matéria.
Este processo libera fótons (luz), que colidem com uma camada de fósforo na frente da célula, fazendo-a brilhar. Assim como nas telas de LCD, cada ponto da imagem é composto por três células, cada uma coberta com fósforo de uma cor diferente (vermelho, verde e azul).
Novamente, a combinação de cada uma das cores básicas em intensidades variadas gera todos os tons necessários para produzir a imagem. Como cada célula produz sua própria luz, não é necessário uma lâmpada para iluminar a tela, como nos LCDs. Isto também resulta em uma iluminação mais homogênea da imagem.
As vantagens...No quesito vantagens, Plasma e LCD se comportam quase como opostos. Uma é boa em ambientes escuros, outra se sai melhor em iluminados. Uma se dá bem com cenas em movimento, a outra prefere cenas escuras, e por aí vai.
Telas de LCD, por exemplo, são melhores que as de plasma em salas iluminadas, já que o revestimento destas últimas pode refletir muita luz ambiente, como a vinda de uma janela sem cortinas, o que prejudica a visualização.
Também são mais recomendadas se você gosta de games antigos, ou pretende ligar a TV no PC. Objetos estáticos na imagem, como placares, barras de tarefas e menus, “manchavam” a tela em TVs de plasma mais antigas. Com o refinamento do processo de produção, a chance disso acontecer em um modelo mais moderno é mínima, mas o LCD continua a ser recomendado nestes casos.
LCDs também são uma melhor opção para ambientes pequenos. Devido a peculiaridades no processo de produção, os fabricantes preferem usar telas de plasma em modelos maiores, e telas muito grandes podem causar cansaço visual se não forem vistas de uma distância adequada. LCDs estão facilmente disponíveis em modelos menores, com telas a partir de 19 polegadas.
Por sua vez, TVs de plasma são melhores em salas escuras, pois oferecem fidelidade de cores e contraste muito maior que suas concorrentes, algo que é especialmente importante em cenas escuras: o preto é realmente preto, e não um “preto acinzentado” como nos modelos de LCD. Isto as torna uma boa escolha para quem não dispensa um cinema em casa.
Também são recomendadas para quem curte esportes (como futebol ou Fórmula 1) e games modernos, já que exibem melhor os detalhes em cenas movimentadas. Isto é conhecido como “resolução dinâmica”, e é um item pouco divugado pelos fabricantes.
Além disso, são perfeitas para ambientes amplos já que, como foi dito, são mais fáceis e baratas de produzir em tamanhos maiores. Atualmente telas de plasma são muito populares em TVs de 52 polegadas ou mais. A Panasonic mostrou na CES 2008, no início do ano, uma TV com uma tela de Plasma de 150 polegadas.
... e as desvantagens
Nenhuma tecnologia é perfeita. Se você perguntar a um vendedor qual o defeito de uma plasma ou LCD e ele disser “nenhum”, saia correndo porque ele está mentindo. Telas LCD, por exemplo, não ficam boas em locais escuros, pois a iluminação da tela pode deixar o contraste lavado, com tons escuros (especialmente o preto) acinzentados. As telas de última geração não apresentam esse problema.
Além disso, apenas as caríssimas telas de última geração, com atualização da imagem em 120 ou 180 Hz exibem movimento fluido em cenas de ação, ainda assim com menos fidelidade que as telas de plasma. Por fim, em relação à concorrência as telas LCD são muito mais frágeis, e sujeitas a danos se sofrerem impacto frontal.
O plasma também tem seus incômodos. Telas mais antigas podiam literalmente “pipocar”, fazendo pequenos estalos que incomodavam ou assustavam. Modelos mais recentes não apresentam este problema.
A resolução baixa é outro problemaAinda existem telas à venda no mercado TVs de plasma que não são capazes de exibir 720 linhas horizontais. Fuja delas, pois estas telas não podem ser consideradas como de “alta resolução” e apresentam baixa qualidade de imagem. Isto também acontece entre os modelos LCD mais baratos.
O ideal é comprar uma verdadeira tela “HD”, capaz de exibir 720 linhas horizontais simultâneas. Isto às vezes é informado da mesma forma que a resolução da tela do computador, no caso 1280 x 720 pontos (ou pixels). TVs “Full HD” (das quais também há modelos LCD) tem resolução ainda mais alta, 1920 x 1080 pontos, e exibem imagens ainda mais detalhadas. Mitos e mal-entendidos
Como toda tecnologia complexa, a falta de informação e confusão de vendedores e consumidores dão origem a uma série de mitos e mentiras que acabam tomando vida própria. Dizem, por exemplo, que as telas de LCD "vazam", o que não é verdade. O “cristal líquido” não é líquido como água, é um composto denso que é selado em pequenas células invioláveis. Da mesma forma, o “gás” das TVs de Plasma não precisa ser recarregado. A quantidade de gás inerte nas telas é mínima, e encapsulada pelas lâminas de vidro que formam a tela. O gás jamais se desgasta, pois está em um sistema fechado.
Telas “manchadas” por imagens estáticas são verdade, mas coisa do passado. LCDs são virtualmente imunes a este problema, que só afetava os modelos mais antigos de telas de plasma. Qualquer plasma produzida nos últimos cinco anos tem chance mínima de ficar marcada, e se isso acontecer a mancha pode desaparecer se você deixar a TV desligada por algumas horas.
Outro mito é que TVs de plasma gastam energia demais. Embora isso fosse verdade há alguns anos, o consumo foi reduzido e hoje as telas gastam quase o mesmo que as TVs de LCD de tamanho equivalente. Claro, quanto maior a tela, maior o consumo de energia.
Você não precisa se preocupar com durabilidade da sua nova TV. Tanto telas de plasma quanto LCD tem uma vida útil medida em horas. Em média, ambas garantem pelo menos 100.000 horas de bom desempenho. Ligadas ininterruptamente, 24 horas por dia, 365 dias por ano, isto representa uma vida útil aproximada de 11 anos.
Por fim, mais pontos não necessariamente significam mais qualidade. Nem sempre uma tela de 1080 linhas é melhor que uma de 720 linhas. Vários fatores influenciam na qualidade, como o constraste e a resolução dinâmica. Aquela tela de 1080 linhas pode não passar de um porta-retratos gigante de 2 megapixels.
Na loja, teste a tela com várias fontes de sinal, de TV aberta analógica a videogames de última geração. Não confie apenas nos vídeos de demonstração que os fabricantes passam. Eles são feitos para mostrar o que a tela tem de melhor, mas é apenas em situações reais de uso que as fraquezas são evidentes. E sempre preste atenção às imagens em movimento. Como cuidar de sua TV?
• Não deixe nenhum tipo de líquido (como condensação ou respingos) sobre a tela, pois os eles podem causar descoloração do material externo. Além da descoloração, a televisão pode sofrer corrosão e falhas elétricas
• Pó é letal à tela. Não a deixe acumular pó, tanto na parte superior (que normalmente conta com entradas de ar, para resfriamento) quanto no revestimento frontal da tela. ATENÇÃO! Jamais utilize sua televisão coberta por panos ou capas. A circulação de ar é fundamental para o bom funcionamento
• A tela de LCD é delicada. Quedas e impactos contra ela podem ser devastadores. Além de afetar a qualidade da imagem, um impacto mais forte pode inutilizar completamente o aparelho. Um controle remoto ou de videogame arremessado com força estraçalha facilmente uma tela de LCD.
• O revestimento anti-reflexo das telas de LCD pode ficar realmente sujo com o tempo. Para limpá-lo, use apenas um pano macio levemente umedecido em água limpa. Já existe um pano especial no mercado, compostos de fibras sintéticas, que é ideal para o serviço. Se não tiver um à mão, use um pedaço de microfibra, que não solta fiapos e não agride a tela se for usado gentilmente.
• Telas de plasma, por mais resistentes que sejam, também são suscetíveis a riscos. Limpe apenas com um pano macio, ou pano especial sintético, de preferência microfibra, levemente umedecido em água limpa.
• Álcool e solventes, além de produtos à base de derivados de petróleo, como lustra-móveis, são letais para seu equipamento. Além de agredir o acabamento exterior da tela, eles podem afetar a aderência das camadas que compõem o LCD, caso escorram para dentro do revestimento externo.
• Proteja seu investimento: ligue sua televisão a um estabilizador de voltagem, ou melhor ainda, a um no-break. Apesar de contarem com proteção interna, os televisores podem sofrer danos irreparáveis se expostos a picos de tensão ou ruído da rede elétrica.
Escrito originalmente por José Ouro Camargo
link orginal:
http://tecnologia.ig.com.br/noticia/2008/08/28/plasma_ou_lcd_1605665.html